quarta-feira, 28 de março de 2012

Verdade ou Desafio?

 E daí que ao piscar, minhas pálpebras pesam pra subir? E daí se meus interesses mudaram? Qual é o problema se hoje me interesso por músicas mais melódicas, cinema à balada e troco facilmente uma zona por um filme debaixo dos cobertores? Qual o problema se eu resolvi pensar em você sem parar? Resolvi sonhar acordada sem disfarçar? Despentear de vez meu cabelo? Passar batom vermelho? E daí se eu mudei? De lapidada tornei-me bruta. Brutalmente delicada. Cuidado. Não por você, mas por mim. Cuidado.
 Agora eu ando por ai falando sozinha. Rindo no meio do nada. Quando lembro de você. Sua voz. Hoje eu senti seu cheiro no ônibus. Que perfume você usa? O quê? Eu avisei, cuidado. Posso nunca admitir, aliás, prefiro que você fique sem saber mesmo. O quê? Nada. Pensei alto. Sonhei acordada. Voei deitada. Pausei o tempo em minhas memórias. Naquele jogo, naquela brincadeira, onde nem eu sabia.
Eu te desafio a...

terça-feira, 27 de março de 2012

Canibal

Eu quero gritar, gritar até sentir minhas cordas vocais estilhaçarem-se. Eu quero rasgar minhas roupas, quebrar minhas unhas e fazê-las sangrar bastante enquanto me rasgo inteira. Eu quero arrancar meus cabelos em tufos. Eu quero me morder até arrancar pedaço, quero ver o sangue jorrar. Tomá-lo no café da manhã batido com aveia. Eu quero chorar até morrer seca. Eu quero que tudo isso se repita com você. Eu quero morrer enquanto lhe mato.

segunda-feira, 26 de março de 2012

sem vergonha hoje, hoje sem vergonha. Discretamente.

Hoje ainda é hoje, hoje eu ainda estou com vontade de transformar ponto em vírgula, parágrafo em ponto e circunflexo em agudo. Que hoje mais cumprido. E eu quero, quero tanto deixar-me ser, ser-me por completo. Mas nossa, sou tão travessa, e se o controle perder-se de mim assim como eu o vivo perdendo discretamente? E se o discretamente for embora?
LINDO.
Será lindo. será enfim a liberdade, a liberdade encravada, presa à siamesa somente a ela mesma. Oh, que belo seria, que mágico, mágico, mágico, belo, tão belo quanto mágico, tão mágico quanto belo. NÃO. 
Paremos por aqui, deixar-te-ei no castigo, no hospício, não. Hospício seria colônia de férias. Vá-te ao paraíso, ao paraíso dos chatos. Ou cale-se.
Calei-me. Discretamente continuarei-me sendo.

preciso precisamente do necessário

Eu preciso do que me é necessário agora. Eu preciso que você precise de mim. Eu preciso do que só eu sei que preciso. Eu preciso de quem só eu sei que preciso. Eu preciso que você descubra que preciso. Descubra e depois me explique. O que eu preciso?

Galáxia dos Perdidos

 Fazia tempo que não ouvia essa música. Essa voz. Que voz. Me parece sapeca, inocente, menina, criança, correndo, brincando, pulando na lama. Mulher, experiente, sorrateira, sedutora. Que voz. A melodia, a melodia lenta, brevemente rápida, uma raposa, um coelho, apareceu e sumiu. Novamente a lentidão, é uma sereia, mas sereias são rápidas, é uma não-seria nos intervalos do ser sereia. Que voz, que música, que dia.

domingo, 25 de março de 2012

e tem mais, eu peidei

Eu sai de pijama na rua. Eu vi os olhares indignados. Eu sorri, aliás, eu gargalhei enquanto confrontava os olhares. Eu fui trabalhar sem sutiã, junto com aquela camiseta rasgada. Brincaram, perguntando se eu havia ido pra guerra, respondi que muito pelo contrário "Cheguei ao paraíso, por isso hoje estou assim". Todos riram, aliás, todos riem de mim. Sei disso, ninguém me compreende, dizem que tenho distúrbio de personalidade, preciso superar os limites e crescer "não vivemos num conto de fadas". E daí? Eu quero viver num conto de fadas. Eu quero andar de abóbora. Eu quero andar nua pelas ruas, eu quero rir da cara daquele magnata cujo qual estão todos puxando o saco. Quero ficar tão feia a ponto de ficar linda, e quero que todos fiquem igual! Quero poder te dizer "Ei, eu te amo, mas eu não te amo por você, eu te amo por mim. Te amo, porque você me amplifica. Te amo não pelo seu sorriso ou pelo seu cabelo hidratado. Eu te amo pelas merdas que você solta sem importar-se, eu te amo porque eu gosto do seu jeito horrível de andar e ser e vestir e falar e ser. Eu te amo"

hoje meu cabelo não cacheou

Hoje meu cabelo não cacheou.
Hoje o sol não veio;
ele veio, quando eu estava com calor.
E quando eu senti frio ele se foi.

Hoje meu cabelo não cacheou.
Hoje eu não pude sentir,
não pude olhar,
não pude dizer.

Hoje eu queria ter dito;
Eu te amo.
Eu te quero.
Não vá.

Hoje foi um dia perdido.
Hoje meu cabelo não cacheou.
Hoje meu perfume quebrou.

Hoje eu te vi passar.
Hoje vi que você não olhou pro lado.
Hoje eu não sabia.

Hoje eu não sabia.
Não sabia que te amava.
Não sabia como isso aconteceu.
Nem quando.

Hoje eu só queria poder quebrar algumas regras. Hoje eu só queria fazer uma poesia virar texto e no texto sentir a poesia. Hoje eu só queria poder te olhar sem sentir nada. Não. Hoje eu queria te beijar intensamente, sentir o seu corpo arder no meu. Hoje eu queria gritar pro mundo que eu quero ser dominada por você. Hoje . Mas hoje amanhã será passado. E amanhã já não será hoje. Será hoje, e eu já não irei mais querer isso.

domingo, 11 de março de 2012

Eu gosto da reciprocidade das pequenas grandes coisas.

Dê-me seu melhor sorriso, que eu lhe dou o melhor de mim.
Dê-me suas palavras mais sinceras, que eu lhe darei meu melhor amor.
Dê-me sua amizade em seu mais intenso sentido, que eu lhe dou minha lealdade.
Dê-me você por inteiro, em seu mais bruto estado, que então, eu me darei por inteira.
                                                                             

eu preferia ser um diamante bruto


 Atordoante é, para quem já foi a pessoa mais feliz do mundo, acostumar-se com a monotolidade das pessoas. Com os tons pastéis e sorrisos encardidos de superficialidade, de frases feitas.
 Atordoante é, para quem está acostumado com risos altos, acostumar-se com os jantarem em silêncio e bom dias no piloto automático.
 Atordoante é, para quem está acostumado com a simplicidade de pequenos detalhes, acostumar-se com pessoas que, em suas palavras, dizem que ser feliz é perda de tempo.
 Atordoante é, para uma pessoa, tornar-se outra.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Pequeno Universo. Grande Confusão. Part.2

Sete anos e meio atrás:
- Estou grávida, vou me mudar e me casar. No fim do ano você vem comigo. - Anunciou a Pequena Lagarta.
 A garota não sabia bem o que dizer, ou sequer, o que pensar. A verdade é que a ficha ainda não havia caído e ela ainda pensava que nada iria mudar.
 Sempre quisera um Complexo, já estava cansada de ser sozinha, principalmente na hora de brincar. O que ainda não havia pensado é que o Complexo iria começar a brincar quando ela estivesse já perdendo o interesse. Mas já era tarde para pensar nisso...
 O ano letivo acabou. O Complexo nasceu. Linda, era uma Complexa. Olhos azuis esverdeados acinzentados, cheios de uma deliciosa inocência e cabelos lisos feito a maciez das nuvens. - Você já tem seu quarto arrumado lá sabia? Que tal fazermos as malas? - Era hora da conversa séria, tão temida.
 - É aqui? Como poderei ficar tão longe do Grande Sábio?
 - Você o verá aos finais de semana. Agora sua casa é aqui, conosco.
 A ficha caiu, seu mundo caiu. As lágrimas desabaram. A cada dia acordado, um novo tormento. Odiava a escola, o bairro, a casa, os vizinhos, a vida!
 Hoje é sexta, dia de sorrir. As lágrimas hoje são de felicidade. Um abraço forte, aconchegante, sincero, o melhor abraço do mundo. - Grande Sábio, a semana longe de você parece uma eternidade! - Sábado, domingo, segunda. E tudo de novo. Noites em claro, saudades de coisas que nunca voltariam, vontades que nunca mais seriam supridas. Lágrimas que rolavam agora, com a mesma facilidade com a qual ela já sorriu um dia.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Alheio Part.2

 Um grito, um grito extenso, agudo, grave, abafado, alto, um grito foi dado. Um último grito. Pensaram que era brincadeira. Pensaram que aquilo não existia, pensaram ser ilusão. Criancice. Mais uma de suas ameaças. Não!
Agora chega, eu cansei. Eu gosto mais daqui. Gosto mais do Ralf, do John e do Aragorn. Não gosto do espelho. Não gosto de mim. Eu me amo. Só não gosto de mim. Sim, tem diferença. Não gosto de explicações também. Como disse um dia meu maior ídolo "- Não se dá explicações sobre o que está escrito. Já que cada um entende de uma forma, e quem não entendeu é porque ainda não é o momento." - Eu não lhe quero mais. Eu não me quero mais.
 Eu me quero mais que nunca.
 Eu quero sentir o frio queimar em minha pele. Eu quero por que eu quero, não simplesmente por querer. Quero para sentir, para amar, para dizer, para demonstrar. Eu quero tanto. Eu não quero.

Pequeno Universo. Grande Confusão. Part.1


  Dois anos atrás:
 - Eu te odeio, melhor seria se você morresse agora! – Saiu mais uma vez batendo a porta na cara da Pequena Lagarta e foi embora. Já havia anoitecido. Os trovões ficavam cada vez mais intensos, e como se tudo conspirasse contra ela, no momento em que virou a esquina começou a tempestade. Sim, tempestade. Suas roupas num segundo colaram-se em seu corpo, a  blusa sem camiseta por baixo logo ficou transparente; o lápis marcado no olho logo começou a escorrer por seu rosto, só ficou intacto seu batom vermelho. Assim pelo menos ela podia chorar sem que ninguém percebesse, e assim o fez. Nem os soluços teve de disfarçar, já que podia muito bem fingir que era por conta do frio. Seu tênis já estava encharcado e a cada passo sentia seus pés nadarem. E a calça mais colada que o normal. Seus cabelos um pouco abaixo do ombro, geralmente tão volumosos em seus cachos definidos, agora estavam baixos, encharcados e não tão definidos.

  Hoje:
 - Que horas você vai chegar? Já está tarde, deveria descansar mais. Por que não vamos ao cinema mais tarde? Não gosto de lhe ver sempre tão cansada e sem tempo para si mesma.
 - Daqui dez minutos eu chego. Desculpe não ter ligado para avisar, mas tem muita coisa aqui ainda, esqueci até de comer. – Responde a Pequena Lagarta.
 - Tudo bem, o jantar está pronto, eu estou indo dormir. Boa noite, lhe amo. –

  Amanhã:
 - Não, você não vai. – Correu atrás da Pequena Lagarta sem intensão de deixa-la em paz caso não recebesse um “não” coerente. – Não quero que você vá. O lugar não é propício à você, não conheço bem as pessoas e já está tarde. – Olhou para cima, respirou fundo, mordeu seus lábios. – Ok, obrigada. Boa noite. – Foi para seu quarto, ligou sua música num volume que não incomodasse a ninguém e foi ler seu livro. Cinco minutos depois a Pequena Lagarta chega – Pode ir, mas fique atenta ao celular e me ligue quando for para lhe pegar. – Breve sorriso de canto, um obrigado e espera que a porta seja novamente fechada para que possa se arrumar.

  Hoje:

 Vestiu a primeira calça que encontrou, aquela papete velha, uma regata branca e foi pra escola. Não estava acontecendo nada de anormal, exceto o fato de que ela simplesmente não estava aguentando conversar com as pessoas que geralmente fica o dia todo. Os vícios e vontades de antigamente estavam vindo à tona. Talvez a culpa deste segundo fato fosse do Pequeno Leão. Um amigo que conhecera no ano anterior, saiu para beber algumas vezes, aprontou algumas coisas, e em pouco tempo tornou-se de grande importância em sua vida. Sim, ele havia repetido e agora estava em sua sala.   Ela havia parado com as bebedeiras de segunda a segunda e as extravagancias de comportamento. Ele, bom, estava cada vez “pior”. Acontece que isso estava novamente lhe interessando. A única coisa que a impedia de voltar eram as pessoas com as quais ele andava. Mas, a verdade é que de todos a pessoa com quem ela mais gostava de conversar horas ultimamente estava sendo ele.


  Ontem:
 Sim, a vontade dela estava sendo de realmente mandar a todos ali calarem suas devidas bocas, e, se possível, enfiarem-na no cu. Será que eles sabiam o que é respeito? Melhor, será que sabiam que estavam numa sala de aula? Mas que inferno, que inferno. Ela já não aguentava mais as conversas idiotas, os argumentos fulos, a má educação, nada. Nada. Retirou-se, os incomodados que se mudem. Mudou-se. Não sabe se volta.