domingo, 29 de abril de 2012

Eu não tenho mais tempo para me preocupar com as minhas mediocridades. Tão inúteis. Tão medíocres.

Interior Poluído

Somos humanos por conta da sociedade em que vivemos. Nos tornamos selvagens e irracionais por meio da mesma; esquecemos de quem somos, ou porque somos. Valores já não significam muita coisa. Pessoas viraram coisas. Coisas controlam pessoas. E tudo que dizemos querer é a felicidade. Por quê? Me explique essa busca de felicidade que eu não compreendo. Nem quero. 
A minha busca é por mim mesma. É um trabalho árduo, e diário. Tão difícil hoje em dia. Eu bocejo, você me imita. Você pisca eu te imito. Já fui eu, eu mesma algum dia? "Somos tão jovens", somos? Já não passamos da cota de perder tempo? Ah, eu estou cansada, cansada de me buscar num interior poluído.

Forte

Depois de tantos meses de crença, veio o furacão e pôs tudo ao chão. Não, você não é forte, não é e sabe disso.  Bastou a simples visão do nome, um vislumbre no passado, uma incerteza, coisa pouca, muito pouca. Eu que sempre me avisei - Não volte mais lá! -, o que eu tinha de fazer lá? O que? Agora nada mais importa, nada mesmo, caso eu não seja eu passarei a ser.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Devia ser por volta das duas da manhã. Ele caminhava pelos cantos das ruas, protegendo-se da claridade e da garoa que estava a tornar-se chuva. Os fones postos e o volume no máximo. Aconteceu muito rápido, uma mão segura-lhe o abraço e pressiona algo em seu pescoço. "Deve ser uma arma" - Pensou. Um estrondo. Escuridão...
...Não virou onde vira habitualmente, e pediu para sair mais cedo do bar onde trabalha. Os fones com volumes mais baixos, e passos mais largos. Chega em casa, abre a porta. Outro estrondo, outra escuridão...
Vamos para o próximo universo.

Para Vocês.

Eu vou sorrir Carolnosamente. Eu vou ser Marinosa. Eu vou amar Karynnosamente. Eu vou atrás dos meus objetivos Giuliamente. Eu vou fazer amigos Biancamente. Eu vou ter boa conduta e caráter Gustavamente. Vou me divertir Mauríciamente. Vou ser inocente Marianamente. Vou arrancar sorrisos alheios tornando-me Biosa, Jéssicosa e Vitosa. Vou tentar agradar aos amados Viquitorosamente. Serei esperta Liviamente. Quieta, porém muito amiga Rodrigamente. Chata e indispensável Lucosamente. Fechado, porém carente e amável Rogermente. Serei rápida e com o sorriso estonteantemente lindo Leticiosamente. E por fim, serei simplesmente eu, ao lado desses tão amados.

Ela é Sagitariana

Bonita, muito bonita. De sorriso encantador e andar peculiar. Não, eu não quis rimar, é verdade mesmo. E a voz? Tranquiliza meus dias. Garota inteligente, do ar desconfiado. Cheia de segredos. Vamos descobri-la?
Tão certa. Não pelos padrões. Simplesmente por ser.  Conheçamo-a e admiremo-a, é inevitável. Inevitável. E o nome? Ei, termina com e, não com a, vê se não erra.
Ele foi muito genial, muitíssimo brilhante e em dobro foi amável. Me amou e eu o correspondi, intensamente. Voltei de lá e espero até hoje isso acontecer. Não foi vislumbre. Foi sonho.
Não sou mesmo de me importar com pensamentos e dizeres alheios.
Mas, uma hora dessas, matutando sozinha, percebi que me importo demais com o que penso.
Porque é num ponto branco que encontramos a total liberdade para dizer tudo, sem dizer nada. É apenas um ponto branco. Não importa que seja repetitivo, muito menos que seja o não ser. Pode servir como distração ou tranquileza. O gostoso pode ser ora azedo, ora doce. A liberdade quando muito intensa pode nos manter em cativeiro, imenso, porém existente.
De alma ferida, rasgada e pisada.
Coração, bom, agora é pedra.
Cabeça erguida, acho que é assim que dizem.
E seguindo em frente.
E então? Será que no próximo passo as coisas mudarão?
Será que no próximo grito toda angustia irá embora?
No próximo escarro toda a repulsa?
De você e de mim, mais de mim que de você.
Eu quero ir embora. Embora desse nimbo.
Nimbo de emoções e não emoções.
Incertezas e não certezas.
Eu estou realmente cansada. O fado já pesou demais.
E não tem ninguém para dividir o peso.
De qualquer forma, minha cabeça está erguida.
Quanto avanço.

terça-feira, 24 de abril de 2012

2:40 da manhã. Sono parece-me agora (e atualmente sempre) um sonho inalcançável; como água para quem padece num deserto.
Eu pisco e o despertador toca. 5:30. Hoje simplesmente não me quero ser. Ele me chamou, e eu aceitei. Brinquemos. Agora eu quero o primeiro lugar.
-... trabalho? - 
Acordo do que mais pareceu um sonho do que um simples devaneio. "Como foi o trabalho". - Como sempre, boa noite.
Deixa pra amanhã.
 - E agora? - Olhou-o debaixo para cima enquanto acendia seu cigarro.
 - Quer dizer, e depois? - Respondeu sem preocupar-se em levantar o olhar, entretido demais com o botão de sua calça.
 - Também.
 - Eu não sei. Eu não consigo dormir, sem dormir eu não penso.
 - Já falei para parar de se sobrecarregar.
 - Já. - Pegou o casaco e saiu pela porta.
 - Eu te amo. - Sussurrou após a porta ser fechada.

domingo, 22 de abril de 2012

agora eu quero brincar. Eu mato, você morre. Você ressuscita, eu mato novamente.

 Com palavras eu posso me tornar uma rainha. Ou a última tirana, tornando-me ditadora. Posso também prender-me no mais pútrido calabouço de alguns séculos atrás. Eu posso mentir, tornar-me em uma bela mentira, uma mentira admirável, uma mentira meia verdade. Você não pode me deter, aqui é meu mundo, eu dito as regras, eu determino quem morre e quem mata.
 Hoje eu quero ir do cordeiro ao lobo. Quero também aquela mulher, as duas na verdade, a frágil e a fatal. Quero o homem que lhe espancou a face, quero sentir como é estar na pele do agressor, sentir o que ele sente, sentir o prazer correr-lhe as veias, sentir a vontade de bater até matar. Chega. Agora eu quero mostrar minhas fraquezas, talvez eu esteja mentindo, não sei. Não sou boa em blefar, é com a verdade esfrêga que lhe deixo confuso. As palavras tornam-se assim minhas cartas na manga, meu coringa, minha chave mestra, o meu mundo compactado pronto para descompactar-se da maneira que eu escolher. Vamos, isso é apenas o início.

e o dia em que eu não tiver talvez eu invente outros

Um dia eu fiz das tripas coração, e você o retalhou até voltar às tripas. Um dia eu acordei feliz e tive que me conter, você não gosta de me ver feliz. No outro, eu acordei com o olho roxo, a boca inchada, e novamente o coração retalhado. Cada vez mais. É possível?
Diziam que não seria fácil, que eu desistiria. Oras, como desistir? Ora bom ora ruim, mas o bom é tão bom, como desistir?
Eu tentei não acreditar nos covardes que desistiram no meio, tentei não ouvir suas explicações (plausíveis, eu admito) do porque. Eu tento até hoje. Será que vou conseguir? Eu não sei, e não me importa saber. No momento eu tento, no momento eu levanto, mesmo com as pernas quebradas, eu vou correr. E não importa como, desde que eu tenha meus motivos intactos.

eu decido que não é isso que quero

Um milhão de analogias, meio de palavras não compreendias, um terço de brigas sem fim e um quarto escuro, frio e depressivo.

porque de vez em quando é muito bom matar

Colocou a música para tocar, aumentou moderadamente o volume e apagou às luzes. A janela estava entreaberta em conjunto com a cortina, deixando apenas uma fresta para a luz e o vento entrarem. Lá fora chovia e fazia frio. Dentro, estava perfeito. Soltou os cabelos e os balançou devagar, deixando-os ajeitarem-se naturalmente. Foi andando lentamente em direção ao quarto e parou na soleira da porta enquanto observava ao homem em sua cama. Sorriu presunçosamente e entrou no quarto. Encostou, com carinho, seus lábios nos dele, acariciou-lhe a bochecha - Eu te amo. - sussurrou. Levantou-se novamente, pegou o celular. - Pode vir buscar o corpo. -. Saiu do quarto, passou pela cozinha pegando seu copo de vinho, aumentou o som e ficou à observar a paisagem pela fresta da janela ao lado do toca discos.

O excêntrico que o é naturalmente, me é interessante.

Meu interesse não está no fácil, nem no difícil. Está no exótico, no que, anos atrás, seria o normal. Meu interesse está no brega, no cafona e no piegas. Eu não me interesso quando você está assim, tão interessado, tão cheio de charme, tão cheio de si e de segredos incontáveis. Eu me interesso pela sua bobeira, pela sua naturalidade, seu olhar perdido no nada. Não me interesso por literatura, mas também não sou muito chegada no popular de hoje em dia. Eu me interesso pelo que faz pensar, o que me faz repensar. Eu não me interesso por mim, eu me interesso por aquela que aparece de vez em quando, ligeiramente sorridente, sorrateiramente excêntrica. É isso.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

e eu estou cansada de me dizerem que não posso andar pelada na rua, falar palavrão e não pentear o cabelo.

Eu só quero um tempo para poder pirar. Uma hora de gritaria, correria e histeria. Um minuto de puro descontrole. Eu quero um cabelo mais bagunçado que o normal e o pijama substituindo a calça jeans, por um dia. Eu quero a quebra de algumas regras, eu quero esquecer o horário. Quero esquecer de quem sou e porque sou. Esquecer do depois, e das consequências. É isso mesmo, eu preciso disso, se eu não tiver esses momentos de pura liberdade descontrolada eu piro completamente e sem volta.
Eu quero mandar as regras para puta que pariu, pensar por um segundo que se elas existem é porque temos o direito de quebrá-las. E não, eu não vou me importar. Eu preciso disso, do contrário eu não seria um ser humano. Eu quero, por um momento, agir por mim mesma, sem pensar no bom senso, nas razões milenares, no certo e errado "inato", eu quero por um momento ser eu mesma, só um momento...

domingo, 15 de abril de 2012

Consegue escutar essa música? Escutar, não ouvir. Escutar é senti-la, deixe esse solo te possuir para que você então à possua. Solte seu corpo, a música está te levando agora. Grite se sentir vontade, ela é sua comandante, e ela comanda que você se liberte. Ela comanda que você solte, sem se preocupar com o bonito, tudo que tiver ai dentro de você. Pule se quiser, finja estar voando. Aumente o volume, coloque-a para repetir. Dance até o suor pingar. Cante junto, grite, fique rouco. Vá para o meio da multidão e sinta como estão todos além daqui, além do visível e sensível, estão todos possuídos por ela. Se você morrer agora não teria problema nenhum, iria dançar pela eternidade. Sentir esse agudo queimar-lhe a alma até o fim dos tempos. Sentir esse riff arrepiar-lhe até o ultimo fio de cabelo. Até o fim dos tempos.

O Fim

 Acordou e sentiu-se estranha. Não estou em minha cama, pensou. Estava largada num canto de qualquer lugar, parecido com tudo, menos com sua casa. Ao tentar se mover sentiu fortes dores no corpo acompanhada da percepção de suas roupas rasgadas. Esquecendo-se da dor olhou em volta e viu que não conseguia ver nada, havia apenas a luz do luar, iluminando o que parecia, uma casa cheia de fuligens, completamente devastada pela fúria do fogo. Quando tentou gritar por socorro sua voz não saiu como esperava, saiu algo parecido com o miado de um gato rouco. Tentou-se levantar, conseguiu, foi seguindo apoiando-se nas paredes.
 - Ei, o que está fazendo aqui? - Apareceu um homem à lhe perguntar.
 Com esforço ela sussurrou uma pergunta. - Quem é você?. -
 - Eu sou a Segredo Revelado. E você só deveria seguir nesse rumo depois de estar preparada. - Respondeu sem muita paciência.
 A garota caiu e tentou lembrar-se de suas últimas horas antes de acordar naquele lugar horrível. Haviam mortes, haviam gritos de angústia e medo nunca ouvidos, nunca atendidos. Havia um tapa na cara, umas palavras mal pensadas antes de proferidas e algumas traições. Já exausta e petrificada pelo medo, resolveu ficar por ali mesmo, pelo menos por um tempo. 
 - Você não pode ficar aqui, se quiser descansar volte de onde veio. - Cutucou-lhe um homem, batendo sua bota nas costelas da menina.
 A garota, um pouco melhor, conseguiu absorver as informações que lhes eram dadas. Um segundo depois olhou ao redor, com medo de encontrar o primeiro homem que encontrara na casa, relaxou-se ao constatar que ele não estava mais ali. Havia outro, o que logo lhe fez ficar tensa novamente, olhou em seus olhos e perguntou com a voz trêmula. - Qua... qual seu nome? -
 - Eu sou o Amigo Traidor. - Olhou-a no fundo dos olhos, sabendo dentro de si que ela sabia, e sentia, todo o significado do que ele era. 
 Tentando desviar o olhar indagou novamente, tentando controlar melhor a voz. - Eu perguntei o seu nome, não o que você é. - 
 - Garota insolente e burra você. Neste mundo, nosso nome é o que somos. De forma alguma o contrário. - Saiu andando, e, já um pouco longe falou alto, - Acho bom apressar-se, não sei quanto tempo ainda tem. - 
 Mais uma luta para levantar-se e manter-se em pé a garota prosseguiu. Num dos vários corredores encontrou uma criança chorando com a cabeça entre os joelhos. Aproximou-se lentamente, e por fim ajoelhou-se ao lado do menino. - O que um garotinho faz num lugar como esse? -. O garoto, com olhos enfurecidos, à olhou e rapidamente, fazendo sumir toda a inocência, - Eu sou esse lugar, todos que encontrar aqui são esse lugar. Você, mais do que ninguém, deveria saber disso. - A garota, já não tão assustada, talvez por estar compreendendo tudo, ou quase tudo, perguntou. - E além disso, o que você é? - O garoto sem tirar os olhos dela, segurou-a pelo rosto, com as duas mãos em suas bochechas e disse num sussurro. - Eu sou o Sonho Não Realizado. E você, é uma garota incompetente. - A garota levantou-se e seguiu andando, desta vez, com mais medo do que no início, já que se seguisse na ordem, o que viria agora, seria a causa do fim. 
 Depois de muitas horas andando sem parar, passando por lugares horríveis, com cheiros horríveis, chegou no que parecia ser o fim da casa. Havia uma porta no fim do corredor. Parecia ser a única iluminada. Haviam gritos, gritos de histeria, e os gritos tinham sua voz. Sentiu que suas lágrimas agora caíam de seus olhos sem que ela pudesse controlar. Seguiu andando, com os joelhos dobrando sem controle à cada segundo. E ao chegar na maçaneta suas mãos tremiam, sua força sumiu, o suor pingava. Sem sucesso, alguém de dentro parece ter aberto a porta. Ao entrar, viu a si mesma em flagelos, cada uma de si estava mais acabada que a outra. Eram arranhões e mordidas pelo corpo, tufos de cabelos sendo arrancados, roupas totalmente rasgadas, banhos por tomar. No centro de toda essa histeria, havia um homem, ela o reconheceu e logo começou a chorar descontroladamente. O homem estendeu-lhe a mão e pediu para que ela não tivesse medo. Como não ter? Ela aproximou-se e sem esperar a pergunta, o homem respondeu-lhe. - Eu sou a Morte do Seu Pai. - Ela, misturando-se às outras, começou a gritar e rasgar-se inteira. Abraçou o homem no centro da sala. E, sem aviso prévio, tudo ao seu redor parece ter explodido, apenas os dois ficaram intactos. Alguns segundos depois, e nada mais existia. Nem ele, nem ela. Nem o medo nem a coragem. Apenas o torpor.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

emaranhado de confusões

 Hoje escreverei em terceira pessoa. Pensou ela. Hoje, em vez de traço, usarei pontos. E em vez de eu, falarei e ela, ou ele. Acho melhor ela.
 Havia sido um dia diferente. Uma semana diferente. Não, o sol continuava à rachar-lhes a cabeça, e as aulas continuavam a arrastarem-se no tempo. Tinha porém, alguns poréns. Ela conheceu uma minhoca. Foi visitá-la em sua sala, quando acordada, nos seus sonhos mais profundos. - Isso é uma minhoca? - Não. Era uma taturana. - Minhoqueima. Prazer em conhecê-la senhora. À que devo a honra? - A taturana permaneceu calada. Em alguns segundos estavam todos rodeando-a para tirar fotos e conhecê-la melhor. - Ah, acabo de me lembrar. Você é aquela minhoca famosa. A viajante do tempo, da calçada da fama, dos sonhos e pesadelos das crianças. Ei, ela não sobreviverá lá fora. - Nunca mais. O sorriso dela havia ficado mais bobo, mais leve, mais faceiro. Ela não queria avançar, da mesma forma que queria muito descobrir qual seria o fim. 
 - Eu preciso de sua ajuda.  - Pediu à Joaquina.
 - Diga, verei o que posso fazer. - Respondeu.
 - Preciso que me ajude a entender-me. Sabe, eu li um cara que dizia que escrevemos sobre o que entendemos. Tenho eu algum problema? Se procurar em meus textos escritos e subscritos encontrará um emaranhado de confusões dúvidas ódios e amores. Tudo num só, tudo num momento, tudo separado, todo explicitamente implícito.
 - Olha, eu sou você, a única coisa que posso fazer, no momento, é rir. Já que você está feliz, e com vontade de rir.
 - O peixe da sabedoria matou-se. Ainda bem que ainda lhe tenho Joaquina. - Riram as duas.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Grite Comigo!


 Eu estive lá e eu posso dizer que estive. Não posso dizer com palavras, o faço e o posso com atos. Eu estive lá e se eu dissesse ninguém acreditaria. Eu estive no podre de minh'alma, nos encravos do meu pior, nos picos de minha loucura. E eu grito - Eu não sou louca, eu não sou louca. -, cuspi na cara do rei. Despenteei a rainha. - Eu não sou louca. Por favor, não me perdoe, eu sou louca. -. 
 Não posso dizer ao certo o correto e o errado. Eu sou louca e não sei onde é o limite entre minha sanidade e minha loucura. Eu sou normal. Eu não posso dizer o contrário. Eu faço. Ora com medo e coragem, ora sem medo e sem vergonha, nem na cara nem em lugar nenhum. Eu não me importo com quem morreu hoje. Nem com quem vai morrer. Muito menos com os vivos. Eu me importo com quem eu realmente posso dizer. Me importo com quem, de alguma forma, me entende. Me decifra, me mata, escarra, bate em minha face. Somos bons amigos, eu me importo.
 Não quero tapas nas costas. Eu quero escarros, eu quero murros. Eu quero gritos selvagens de uma loucura há muito reprimida. Eu quero gritar e quero que você grite comigo.

terça-feira, 10 de abril de 2012

isso deveria ser como é

 Não, eu não acredito em destino. Seria jogar uma vida inteira pela janela. Acredito em surpresas, acredito no inesperado, no acaso, tão casual...
 ... Tão casual o acaso, que, por ventura o é, não sendo. É como aquela doença, que, como diz ele que disse para ela que por fim me disse: "Só quem tem entende, quem não tem não faz a mínima ideia". Entende? É assim, assim o acaso tão combinado quanto o desencontro acidental. Mas, eu deveria morrer hoje. Não morri. Não morri pois não deveria morrer hoje.
 Olha, eu vou ali, olhar o céu, está chovendo e é lua cheia. Noite maravilhosa. Não posso perder tempo. Isso é como deveria ser. Eu escolhi assim. Poderia ter escolhido diferente, e então seria como foi. Mas não foi, é. É como deveria ser.
 A história não muda.

sábado, 7 de abril de 2012

Belle Époque de Hoje em Dia

Eu gosto do antigo, gosto do passado, do rústico, do amarelado e do preto e branco.
Eu vou da geração perdida, aos hippies. Passo pelos surrealistas indo à art pop. Durmo ouvindo Cole Porter e acordo ao som de Danzig. Sou tão antiga quanto contemporânea. Eu vivo o agora apreciando o anterior. Que lindo, que mágico, vamos viajar no tempo, não podemos parar. Nos tornamos nômades, amantes de todas as épocas. Lindas, maravilhosas. Todas épocas de ouro, todas.