domingo, 23 de dezembro de 2012

Ela é Sagitariana!

Foram-se dois anos como dois dias, e agora, e agora? O que faremos do terceiro dia? Ouvi dizer que junto dele virão trovoadas e nuvens carregadas, prontas para descarregarem todos seus pesos sobre nossos ombros, e agora, e agora? Como apresentarei minha peça mais sincera, mais singela, mais pra ela sem ela na primeira fila? Ouvi dizer que não haverão vozes parecidas nem gracejos tão encantadores como os dela, e agora, e agora? Acho que à partir de agora podemos mesmo colocá-la só por aqui, no mundo das palavras, pois no material, bom, o material também será idealizado, minha sagitariana agora virou história. E que história mais linda!

"[...]que o esforço pra lembrar é a vontade de esquecer.[...]"

Certezas tão incertas quanto o certo que de certo talvez nada tenha, considerando as certezas individuais dos que se dizem certos. Correto, coerente que seja, estamos todos certos na nossa certeza do correto. Ah, que saudade, saudade dos tempos de aparente tolice e profunda - há quem diga - sandice! Quero de volta, quero mais, pra sempre até nunca mais! Que seja loucura, que seja incerto, que seja intenso, que seja infantil, que seja lindo, que seja!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Acredite, eu falei das flores!

Pirilampos, ele me dizia. Sim, pirilampos; me lembra algo como pingos de extravagante urgência da felicidade de ser sentida, junto com a luz que incandesce tão rapidamente se fazendo quase impossível de ser pega no mesmo segundo em que se apaga, porque se apaga no mesmo segundo em que se acende. 
Pirilampos, ele ainda diz. Sim, para não dizer que não falou das peculiares alegrias inomináveis fale dos pirilampos.

Ela

De olhos fechados eu fiquei a tentar afugentar todas aquelas memórias que teimavam em surgir da surdina para o aterrorizante grito do que tentamos, sem sucesso, repreender. Ah não, isso precisa parar! Ainda de olhos fechados imaginei seu corpo aproximar-se do meu e seus lábios colarem no meu, rapidamente tateei pela cama e peguei a primeira coisa que senti à mão levando diretamente à boca; mastiguei como que fosse  sua língua. Ai!, sussurrei. Sua língua, no sentido literal ou conotativo tornou-se um alfinete e logo eu senti a minha fisgar, num estalar rápido e repentino de dor; sentindo por fim o gosto férrico do pouco de sangue derramado.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Lascividade não me Apetece.

Lascivos se fazem, simultaneamente, passivos. Estes por sua vez molestam-se, lascivamente. Eu não tenho tempo, preciso deliberadamente assumir o despotismo com relação à isso e dilacerar tudo que tentar me apaziguar. Passivamente. Eu não sou passiva, não me moleste com suas alusões a paz, não me dilacere lascivamente. Morda-me com sua mais forte mordida e mate-me com seu mais rápido golpe!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Escuro de silêncio.

Despojos despidos de caracóis carcomidos de vergonha.
  Pudor.
                              Camisas em mangas de camisas. Chinelos em pés de chinelos.
                                                                                                                              Prazer.
Patas do sul chegam ao norte. As travessas viram às avessas.
                                                                                                Liberdade.
                                                                                     Agora o déspota sou eu, a liberdade escancarada!
Possuir.
                                   Agora escancaro à quem quiser ver.
                                                                                               Gritar.
 "Escritores usam a mentira para falar a verdade".
                                     Calar.
                                                         Eu pinto o silêncio de escuro e ainda vejo o arco-íris.
                                                                                                                                Domar.
             Se você quiser pode vir comigo, o governo é nosso.
                                                                                         Ser.
                                                                                                         E não me diga que entendeu.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Mais uma questão de semântica.

Sentou-se ao cavalo e indagou - Onde está o som? -, como resposta veio o relincho. - Que é isso? Não foi assim que combinamos, chame logo o maestro. - Como numa transação de pensamento veio o maestro, ao cachorro. O velho sentado de pernas abertas virado para a traseira do cachorro e este virado de costas para o cavalo começou então o bruxulear de mãos. Veio novamente o relincho, dessa vez foi algo mais domado - estranho, porque parecia mesmo que haviam cavalos descavalados encavalados dentro do cavalo, tudo junto, num só momento, relinchando todos juntos. - Silêncio! - Ela ordenou. - Agora chame a égua! - Novamente naquele tipo de pensamento transitivo chega a égua. As mãos recomeçam o bruxulear e o cavalo e seus cavalos recomeçam o relinchar; a égua começa a dançar, sobre duas patas, uma pata e terminando sobre o rabo. A garota dada por satisfeita solta um suspiro, acena com a cabeça e desce do cavalo cantarolando e pulando até sua cama de flutuantes flutuados no meio do flutuar.