segunda-feira, 21 de maio de 2012

como deveria ser.

 Eu gostava de andar no meio da rua. Um dia me disseram que a calçada é que foi feita à pedestres, a rua pertencia aos carros.
 Eu gostava de andar pelada. Inventaram a roupa e disseram que era proibido sair pelado na rua.
 Eu gostava de caminhar na chuva. Um dia disseram que eu ficaria doente se o fizesse, e foram inventados guarda-chuvas.
 Eu gostava de ser criança. Um dia disseram que eu cresceria, tornaria-me uma adulta.
 Eu gostava de viver. E um dia disseram que a morte chega à todos.
 Agora só ando na calçada, coberta por panos, com um guarda chuva na mão; e veja que absurdo, nem mesmo posso fazer algumas graças (sou adulta, lembra? Adultos são chatos, é isso que eles fazem, chatices.) e esperando a morte.
 Mas ei, leiamos o título por favor. Pura mentira. Imagine só se eu contentaria-me sendo adulta. Jamé. Sou mesmo é uma garota na bota do pai com medo do mundo à fora. Pego resfriados à torto e à direita. É, ando com roupa, mas confesso, não gosto nem um pouco dessa ideia. Gosto mesmo é de perder o fio da meada e encontrar outras por aí e por ali. Gosto mesmo é de tardes de domingo vendo filmes alheios com meu pai. Gosto mesmo é de jogar xadrez e rir comigo mesma. Gosto mesmo é de matar saudade com o abraço que, conheço um Deus, sabe-o dar como ninguém. Sim, conheço Deus pessoalmente, na verdade sou até muito intima dele sabe? Sim, boa gente, boníssimo na verdade, dos melhores. Ih, olha só, mais um texto no qual acabo falando do meu pai. Deve ser saudade.

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