domingo, 11 de novembro de 2012

Esclarecer do Ser quanto ao Parecer

Não me sei saber, não me sei descobrir, não me sei responder, não me sei ser!
Eu visto o sorriso e o troco pela paisagem - passiva, passada, parada -. Visto os cabelos penteados e logo os desgrenho no vestido do dançar - primeiro uma dança, depois, algo anomeante -. 
Eu aparento, sei que aparento muitas coisas. Mas e o ser? Me sou também tantas coisas, mas de vez em sempre tenho essa impressão de que não aparento ser nada do que sou. De que adianta? Mudo meu parecer ou meu ser? Eu não sei, se mudar o parecer para semelhante ao ser terei-me muito trabalho, imagine só, nem me sei, menos ainda sei-me copiar. E se mudar o ser, ah, como isso, mudar o que não se sabe, se nada mudar tanto faz também se nem sei, não sei quando mudou.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

"ISSO AQUI NÃO É SOBRE REVOLUÇÃO"

Eu sei, tenho dito, e não é de hoje, direi novamente daqui a umas palavras, espere só um momento, primeiro volte e releia, observe, viu? Pareço seguir algum tipo de ordem à você? Tenho me pego seguindo algumas, fazer o que, me vigiar toma tempo demais, mas por exemplo, ainda não descobri como sair dessa dimensão, e por aqui, a única ordem que não se tem como fugir é a do tempo, tudo tão cronologicamente certinho - bah, canseira das mais chatas! - mas de certo, do que posso eu fujo. Sim, é hora, falarei-me agora, digo, repetirei-me, vê se preste atenção. No meu nome tem apenas letras embaralhadas formando palavras arbitrárias numa ordem qualquer - ao menos é assim que me parece. - e no meu eu não é diferente, sou um conjunto de pensamentos soltos e difusos, todos querendo gritar mais alto que o outro, todos se sentindo mais urgente que o outro, mais bonito, mais feio, mais triste, mais, mais, mais.... E isso me faz querer mais, mais espontaneidade, mais é que tudo vá pra puta que pariu, mais putas parindo, mais.... Menos moralidade, faça-me o favor, sem sermão, eu estou te olhando mas não estou te vendo, estou te escutando mas não te ouvindo, é sério, se o tempo se perde o seu já está desaparecido.

Tome por eu você, e por você todos nós.

Eles mataram a chave do meu eu. Eles crucificaram e crucificam, dizem hoje, em pele de cordeiro, que no passado outros o fizeram, os lobos, dizem que os lobos usurparam de tudo que um dia eu prezei, cuspiram e pisaram, fizeram do magnífica miserável. Oh, preste atenção, os que contam a história, como eles sabem se todos que para lá foram de lá nunca voltaram? Eles são os lobos, puxe os cachos de anjo que logo verá o demônio, a vermelhidão não é de alergia e menos ainda de calor, é de fogo, é de inferno.
Venho aqui apenas para dizer, eu não tenho o que dizer. Venho para dizer que de mim tiraram também a palavra e o direito, direito de escolha e decisão. Eu tenho porquês e tenho perguntas, mas cadê, onde estão as respostas tão antigamente roubadas e tão cedo esquecidas? Ah por favor, vá já embora, eu bem sei que já lhe moldaram, já lhe fizeram engolir as "respostas certas".

domingo, 4 de novembro de 2012

Ela

Os cabelo de fogo junto com os olhos, de fogo também. O primeiro de fora pra dentro, visível e subscrito. O segundo, só queima a quem olhar bem fundo, procurar o que não tiver para achar, e vai achar; vai acabar por ser tomado até o vazio da alma, o vazio do não saber, nem certeza nem dúvida, menos ainda opinião, o vazio, foram os olhos, os olhos de fogo, tomaram-lhe tudo, e tudo isso, veio com a ajuda do cabelo, que com tanta quentura e doçura trouxeram-lhe à esse inferno tão vazio, que nem o fogo lhe deixa mais sentir.

A verdadeira ilusão. A ilusão da verdade. II

Seis meses se passaram, as profecias foram todas realizadas; o sol já iluminava mais do que um dia o luar iluminou a noite e o sono, bom, deixemos para depois, talvez eu trate aqui da maneira como tratei da saída da garota para sua iniciação, principalmente.
- Por favor, eu preciso de água, não falo da água como água, a quero como essência. - Um suspiro, quase um grito, mas abafado no momento certo, no início, logo, nem suspiro nem grito. - Eu fiz o que pude e o que não pude, mas o que era pra fazer fiz e como por essência é o certo também. - Agora um grito, já não cabem mais palavras aqui, o homem a pega pelo pescoço e a levanta olhando em seus olhos, olhos de azedume, azedume limão com morango, o chocolate de outrora fora-se'mbora junto com as lembranças do quarto rosa. 
- Eu a avisei dos perigos e das angústias, não estamos com tempo nem forças pra intercepções, quero agora, não m'importa como seja, quero agora o que lhe mandei como fato consumado nessa noite. Acha que isso de ser filha do destino é algum tipo de brincadeira para passar o tempo? Acha que seu nome entrará p'ra história e sua morte será triunfante? Pois digo logo, desvista-se dessas ideias, sua morte provavelmente será das mais cruéis, e seu nome - Um riso sarcástico e silencioso - seu nome nunca lembrado!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Matéria estranha essa.

Escuso-me à matéria de organização. Não, não estou falando da mais conhecida, isso de dobrar cousas desdobradas e guardar cousas desguardadas não me é difícil e menos ainda sacrifício. A matéria da qual me refiro é a mental, a mental que domina todo o resto das outras - sentimental (coitada, tão infinitamente sentimentalmente infantil!) principalmente. -, oras, por que? Porque não consigo, não sei, não aprendi e não pareço evoluir para saber. Eu penso sim e em seguida no não e talvez não e não será sim com certeza. Eu quero que vá pro diabo toda essa bagunça, eu quero já o emplasto, ouvi dizer que deixa tudo mais fácil, nada de hipocondria! Há, imagine essa, eu sem meus remédios, piada. No mais, não quero, não quero mesmo organização, ora essa, depois de tanto tempo à deriva dessa, que me quero com ela? Nem a ferro, me fiz bem - que seja, não tão bem, nem bem, bem mal - sem ela, me continuarei sem, até que venha, se não vir, não venha mesmo.

Morta, mortinha!


Que é isso? Me faz o coração disparar e parar, pesar e voar. Ah, por favor, cesse já com suas palavras e cantorias, essa sua voz, pesada, sonada, de ressaca, rouca. Por favor, pare já com essa tortura, eu não sou mesmo nem um segundo forte, e eu jurei não bater mais à sua porta, eu conheci sua mulher e nos fizemos melhores amigas, conheci teu homem também e dele sou amante, só nos falta mesmo as carícias físicas. Vamos, facilite as coisas a mim. Eu não vou colocar um parágrafo sequer, quanto mais difuso melhor, eu não posso mais me deixar fosca dessa maneira, tenho que adicionar mais brilho, talvez assim eu consiga lhe ofuscar. Ah, céus, que é isso que sinto em meu estômago? Acho mesmo que tem alguém arrancando-lhe-me, vagarosamente, com seu melhor sorriso psicótico no rosto, e sua mão penetrando por inteira no meu abdominal, ah não, agora está no coração, e ele luta, contra tudo, dispara e para, dispara e para, dispara e para. Morte, os impulsos continuam, mas eu estou morta, sei disso, já não tenho distinguido com clareza se estou viva, mas a morte eu sei que me chegou, pois de tudo que fui e senti, agora só sou a defunta e só sinto o amor, o mais intenso amor que senti quando em vida, somente mesmo isso poderia me prevalecer. Por favor continue.