domingo, 30 de setembro de 2012

canto escuro emanando luz

Antes de lhe conhecer, fazia a ti analogia à um canto escuro; e eu tinha medo de ir explorá-lo. Certo dia, sem muitos porquês nem reflexões simplesmente fui - agora é a parte feliz da música. - você estava lá, cheia de brilho, com esse seu sorriso que fazia parte dos sobressaltos da música, o seu olhar, já disse quão lindo é? Encheu-se de luz ao momento que começamos a conversar, céus, quanta coisa, quanta coisa.. Quanta coisa, ah onde está o adjetivo? Deixe pra lá, o adjetivo é por sua conta.

sábado, 29 de setembro de 2012

Pare, sua respiração está atrapalhando!

Não, por favor, deixe ligado e saia já daqui, se possível morra e não volte jamais a me incomodar. - Os braços jogados ao lado do corpo inerte, os olhos voltados para o teto, sem ver, apenas ouvindo, o quarto à meia luz e um barulho incômodo do toc-toc daquele salto infernal, isso sem referir ao da porta que acabara de bater. - Eu poderia ficar aqui para sempre, até nunca mais. Eu queria dormir agora, mas quero, e preciso, continuar a ouvir essa música - ah sim, quase esqueço de mencionar, o som está no último volume, não é música, é magia - preciso inventar algo que me permita dormir sem deixar de ouvir, não que eu queira ouvir os burburinhos chulos por esses corredores, quero mesmo é continuar à brincar de mágica.

Prólogo do Pós-Escrito

Me perca, por favor, feche os olhos e me solte na multidão - "Faço isso por ti e não à mim, de bom não ganho nada com isso." - pense assim e tire o peso de suas costas. Ah, que difícil ter-me que levar e cuidar à todo lugar. Quero-me largar, me voar sem paraquedas nem asas. Quero-me mergulhar sem pegar fôlego. Quero-me morrer, viver só no físico, de resto me largo, me mato e não me ressuscito. Quantos maus efeitos me causo, sou-me uma péssima companhia, mãe, por favor, tire-me de perto de mim.

minh'alma de barulho já basta. Procuro por silêncio exterior.

Um mundo de surdinas, pontas de pés e passos faceiros. Ah, quão belo não? O balé não contemporâneo, não clássico, diário. Ah, quanta delicadeza, aos olhos aos ouvidos, à alma. Ossos de vidro para todo lado, assim talvez todos dessem mais valor ao peculiar, ao minucioso. Sem repentes, apenas sorrisos sinceros, olhares falantes e bocas fechadas. Venha, por favor, encha-me com teu silêncio, o faça e me tome, para sempre, em seus braços sua alma e seu barulho, tão silencioso.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

eu de nome Salafrária e ela de nome Eu

Eu começo livros e não os concluo, começo amores e não os conquisto, começo músicas e não as canto, começo poemas e não os recito. Ah, quanta covardia numa só vida; só pode se dar por conta da passada, quão salafrária eu fui não? Ao menos divirto-me imaginando as peripécias que já aprontei e à quem já aprontei; assim esqueço o tanto que me aprontam por aqui. 
Quanta mentira, continuas assim, tão salafrária como na vida em que te encontrei; eu diria morte. A morte de uma vida sem cor. Eu digo logo e grito para quem tiver de ouvido afiado, odeio você e eu odeio com força maior, mas é coisa tamanha que posso até dizer que não sei o que sinto, não sei e não direi, se não sei é porque talvez nem sinta, só sei que é muito forte.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Primavera do GRANDE ESPETÁCULO

Corram, que os tambores se rujam, que as paginas se carreguem e as luzes se apaguem; ouvi dizer que ela tem luz própria. O espetáculo vai logo iniciar, escuso aqueles de pouca imaginação e boa índole, avisar-te-ei logo que de brincadeira não foi que veio, veio mesmo para brincar, brincar sério de divertir, para isso não hão espaços para boa camaradagem. 
Que? Quanto alvoroço, cale já a boca, fétida platéia imunda, parem já com os aplausos, ela já começou o repertório. Veja só, está quase que toda despida, espantamento é o que sinto agora, que é que foi que a fez parar? Ah sim, aquela merdinha, ela esqueceu a merdinha do detalhe, esqueceu que não poderia ter-se anunciado agora, ainda falta aquela merdinha, talvez agora que lembrou não seja mais problema, ou seja.

domingo, 23 de setembro de 2012

Bruxa re-velada.

Olhando para todo aquele monte de nada foi capaz de perceber. - Quão vazio estou? Céus, erroneamente juguei-me pronto, avante segui. O que poderia eu ter impedido se não fosse por minha pomposidade? Ah não, que é isso, almejo e logo cresço. Carecia demasias de menas confiança. Aconteceu, passou, a onda veio e como um girino fui levado. Cá estou, no centro do que chamo tormenta, tormenta de minha vida, tormenta de alma e da mente, coração, sim, coração, estraçalhado estilhaçado. Ah que é isso, fui-me realmente capaz algum dia? Ande, vá embora daqui, essa ânsia que tu me causas, essa urgência, não preciso disso, saia já, feiticeira mal encarada, farei por ti a volta da inquisição, a queimarei de meu coração.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

É difícil me ser, duas vezes.

 Adentrando o quarto pude perceber o quão nebulosas estavam as coisas. Céus, o que aconteceu por aqui? Por Deus, abra a janela. - Não tem janela. - Ora, então acenda a luz. - Queimou. - Vamos, saia já daí, quero conversar sério contigo. - Não, somente sairei ao desentender, sairei quando já não mais houverem saídas, e então, eu, paradoxalmente (como sempre) sairei. Deixarei a nebulosidade dos fatos quando esta já tiver lhe cegado e sufocado... - Ah deixei falando, bobeira né? Creio que deva ter entendido tudo que eu a havia dito.
- Por favor, eu só não queria e nem quero brigar. Eu entendo seu lado, até por isso lhe deixo na nebulosidade, assim como você um tanto de vezes me foi eu também lhe sou mais um tanto. Entendo perfeitamente o que passas e melhor ainda que essa birra de criança logo passa e então seguiremos em frente, só não pude lhe esconder isso agora pois poderia lhe colocar contra o sol, ora essa, sou amiga dos dois, do sol e da lua, porque haveria eu te me por no meio? Não faço esse papel, sou sincera e sempre me fui, tropeço no omitir dos fatos, mas assim como você, não sou perfeita também. - Pausa para a água e para luz, é muita nebulosidade. - 
- Vá embora, estou bem na minha nebulosidade e não preciso de você, não preciso mesmo, pode ir, ande, meu cigarro, minha bebida e meu criado me são de muita melhor companhia, vá se embora e se ficar, bom, cale a boca, contigo eu só quero risos, quero que sejas sim perfeita, não pode sentir raiva, não pode tentar se manter fiel ao sol e a lua mesmo nem mesmo em tempos crepusculinos. Olhe, eu não sei bem o que quero e também não quero te explicar, por que acha que estou aqui nessa nebulosa? Eu sei que se quiser ir vá, não vou tentar me explicar, isso é papel seu, certo? Vá pode ir, não me importo se se importou o suficiente pra omitir fatos que me chateariam, não me importo se teve coragem o suficiente pra vir tentar conversar comigo mesmo em tempos tão sombrios e abafados, vá a porta está aberta e é isso mesmo, ainda bem que deu a pausa, eu não faço a mínima questão de você.
Abaixo-me a cabeça e me afasto sem que minha face agora possa ser vista de dentro do quarto. Pensando no que ouvira exatamente hoje mais cedo no nascer do sol "Não que tenha desisti, só cansei de insistir" digo, no silêncio. - E isso dói, dói como nada que já houvera sentido antes, não sei por onde começa doer e nem por onde dói mais. É tudo, a promessa de um futuro eterno desfeita. As cartas queimadas. A cumplicidade esquecida - quê? pessoas são só pessoas, se preciso de uma mulher existem várias outras no mundo. -. Mas acho mesmo que a faca sem ponta nem haste, o tétano do meu eu, é o fato de que a coisa em que mais acreditei, menos desacreditei que um dia pudesse vir a se quebrar, quebrou, não tenho base alguma para acreditar em outra coisa se quer, simplesmente desacredito até de mim, acho é que vou acordar na madrugada e me esfaquear, ou sei lá, num dia andando na rua me jogarei fora no lixo e direi - Saia, vá logo, não te quero aqui. - ou então, mais realista - tudo bem, pode ir, não sentirei falta, logo ligo para sua substituta. -. Que seja, amei, amei tanto que nunca pensei fazer defender e aceitar coisas como a fiz. Quão lindo? Ao menos posso parar de procurar por uma alma gêmea - dizem que só se encontra uma na vida -. Ao menos posso dizer que amo, que amo como nunca amei ninguém - isso não é coisa que se acabe numa vida, aliás, em vida nenhuma. -. Ao menos posso dizer que vivi intensamente, venha, quero me juntar às estrelas, nessa vida, eu quero calma, não quero encontrar amor nenhum, por favor, já tive agitação suficiente, na próxima talvez, noutro planeta; mas no momento quero apenas fazer parte de um sistema qualquer sendo uma estrela qualquer.