segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Do horizonte de ninguém.

Ambíguo.
Ambíguo, eu disse.
Nem de menos, nem de mais.

Quase um infinito.
Eu diria um universo inteiro.
Aqui e acolá.

Afinal, quem pode?
dizer-me o certo
por-me um padrão
aqui?

Acolá que dirá!
Quase que pela culatra se sai.
Nem eu nem você
nem ninguém pode ver
Quando se está acolá.

Mentira!
De fato, enganoso!
Duvidoso!

Posso ver o que posso ver.
Todos podemos. Estamos vendo.
Mas o demais é nós quem decidimos.
Aqui sempre fica de fora, e acolá nem se cogita.

Viu só?
O verso se foi pra lá.
Longe, à perder de vista.
Quase além do horizonte!

Do meu
do seu
do nosso
de todos.

Mal sabe.

Eu poderia evocar Eros,
ainda melhor:
Eros o agridoce.

Quanta besteira!
Não poderia,
tanto quanto roubar.
De menos, matar.

Não o conheço.
Como poderia eu saber?
Dos seus gostos?
Para então encantá-lo?

Mas confesso,
gostaria bastante.
Você bastante aqui.
Ao meu lado.
Com ou sem encanto.

Já não mais sei.
Qual o fulano da vez?
Ouvir dizer que agora...
agora é Ciclano.

Batutas são vocês.
Talvez eles também,
quiçá até nós.

Deixe disso.
Já muito me delonguei.
Eros não veio,
nem virá.

De qualquer maneira,
ainda posso fazer meu agridoce.
Decerto que com ele seria melhor.
Mas...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Por vocês eu viveria até a eternidade!

 É assim, e sempre foi. De algumas pessoas eu, realmente, sinto dó. É uma dó misturada com raiva, não sei nem qual é mais aguda, sei que tem, acho que intercalo, os dois sentimentos me são intensos.
 Acontece que fica tudo mais difícil, com menos sentido quando a vida que se leva é uma vida e nada mais. Sem segunda chance, sem posfácio e nem continuação. Temos apenas um volume pra fazer valer à pena e sem muito mimimi, é o que é e daqui a pouco não será mais nada. 
 Mas não importa, realmente não importa! Entenda, o que não importa são as merdas, eu tenho dezoito anos e eu gosto! Entenda, já vivi dezoito anos e sim, eu gosto! Mas por quê? Depois de tanta merda pra atolar o pé. Não por quê, mas por quem. E eu digo, de boca cheia e olho brilhando - Por vocês!!! -, sim, esse texto é absolutamente pessoal, absolutamente sensível e eu diria até bem viado. Que me importa? Não vou te mandar comer torta, mas se quiser pode mesmo parar de ler JÁ.
 Enfim, sem mais rebolos, vou logo dizer o porque de aqui ter vindo. Vou agora falar dos segundos tipos de pessoas, deixe-me fazer uma citação de mim mesma que eu tanto tenho adorado: "Existem pessoas que nos fazem querer viver mais, só pra podermos conviver mais, absorver mais daquela essência tão maravilhosa". Sim, escrevi todo esse texto só pra citar essa frase tão maravilhosa que tão bem resume um zilhão de coisas. No mais, não tem mais. É isso, texto dedicado à todas as pessoas que se encaixam na frase supracitada, mas principalmente ao Meu pai - sempre em primeiro lugar - e à Marina, a mais Marinosa de todas as Marinas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

É mesmo um fantasma. Digo, sou.

Quase um fantasma.
Um fantasma de mim mesma.
Eu mesma de fantasma.

Talvez uma índia.
Já há tanto morta.
Lembrança remota.

Vendo assim, uma sombra.
Menos que uma sombra.
Uma penumbra.
Ou mais.

Talvez uma estrofe quebrada.
Com menos de três versos.

Mais que isso.
Um texto sem nexo.
A comparação sem como;
transformou-se em metáfora.

Talvez um fantasma de fato.
Eu nunca vi.
Nunca me vejo.
Me olho;
mas não me enxergo.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Apesar dos pesares


E para a minha sorte,
para o meu descansar
o meu apesar dos pesares
aquela música começou
aquela com o toque natalino
é triste, sim, é.
A namorada está em coma.
Mas o toque é suave.
E para minha sorte
para o meu descansar
o meu apesar dos pesares
aquela música começou
começou a tocar.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Quando chapada eu posso tomar posse da Terra!

Sinto como estar...
estou chapada.
Mais do que chapada
estar/estou dopada.

Ah, mas que entorpecente é
...seria o ar caso ficasse...
está pesado, tão turvo quanto
estaria/está minha visão.

Eles insistem em me fechar
eu sinto estar...
eu estou cedendo.

Só mais um empurrão.
Só mais um empurrão
e a terra será/já foi nossa.
Foi o que eles disseram/dizem.

Não mais cederei
Arranco-te os miolos
seja como for
o ar denso sobre minha mente
não mais. Não mais.

Eles tentaram/tentarão
Colocarão a culpa na cafeína.
Eu chamo isso de ser/fui
Ainda sou!

Só mais um empurrão.
Vamos, quero continuar
estar/estou chapada.
Não mais cederei.
Só mais. Não mais.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Um lugar, fixo.

Quão tristes são os lugares.
Lugares fixos.
Eternamente fixados
em seus pontos fixos.

Eles têm memória
Tudo que aconteceu ali
ali ficou fixado
naquele lugar fixado.

Mas se nada acontece
nada acontece.
De nada se lembra
nada se fixa.

Eu não queria ser um lugar
eu até queria ser fixa
Mas não consigo ser fixada
num ponto fixo.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Mais que confortante, é viciante!

Uma ponta na ponta.
Na ponta do estômago
do coração, da cabeça ou do corpo
é de fato uma pontada!

Ah, dói, dói na alma.
Dói na essência.
Ah, não se dissipa.
Dói que se vê.

Eu não pedi que parasse.
Faz favor demônio,
volte aqui com essa faca.

Sua voz me soa ao fundo.
Me entorpece, me adormece.
Eu penso que é calmante.
Mas em verdade é ensurdessante.

Eu já disse, não pedi que fosse embora.
Eu quero sentir essa dor até o fim.
E eu não quero que tenha fim.
Não até o fim...

Não até eu dizer que acabou.
Dizer que agora pode ir.
E eu posso, a qualquer momento,
pedir que vá.
Mas fique, fique até nunca mais!

Talvez seja triste.

Já não sinto mais o corpo
O ar aqui já é mais que rarefeito
e de tempos em tempos posso sentir.

Não sei se sinto de fato
talvez sejam só devaneios mais que devaneios.
É uma pressão contra meu corpo
Deve ser a terra que fora jogada em meus restos.

Não estou morta!
Preste atenção, não estou morta.
Mas vocês estão me matando viva.
Já posso sentir os vermes que assim como vocês
querem que eu seja decomposta.

Eu me esforço.
Preciso voltar à superfície.
Mas já não é mais possível.
Sou eu contra o mundo.
E eu não tenho um Deus.
Sou eu, só eu mesma.

Espero apenas que chova.
Torrencialmente.
Quero ter calos e senti-los doer.
Quero sentir apenas uma última massagem.
Quero apenas poder observar o belo.
Já não preciso mais vivê-lo.
Por mim tudo bem, vocês venceram.

A garota da barriga cheia.

Ela vivia com a barriga cheia, comia um grão de arroz e já sentia a barriga pesar.
- Vamos sair? - Era a pergunta que mais fazia a barriga pesar. 
 Corria pra cozinha e tratava de tomar um bom copo d'água. "Não posso, estou de barriga cheia" pensava. 
 Quase sempre era de propósito que ela enchia a barriga, mas não tinha como evitar, pois sabia que a barriga enchia com qualquer coisa e precisava se alimentar. Por conta disso a garota da barriga cheia já não mais saia de casa, pois de tanto recusar os convites a sua barriga ficou ainda mais cheia por ainda menos. Até que um dia se cansou e resolveu sair, foi repetindo o ato com frequência, até a barriga já não mais encher.

Ela é sagitariana.

Me empurra e me puxa.
Me puxa e me repuxa.
Me faz e me desfaz.
Desfaz e refaz.
Ah, quanta maestria.
Num moldar quase imperceptível.
Ela sabe que poderia...

Poderia ir de prosa à poesia.
Assim, num passe de mágica.
Sem muita esgueiria.

Seus dedos, aqueles dedos.
Delicados como seu olhar.
Não se pode piscar.
Olhe bem para a maravilha de Eros.

Não carece correção.
Já veio perfeita assim, desfeita.
E no refazer ficou ainda melhor.
Aleatoriamente padronizada em seu padrão.

Eu termino por aqui.
Sem muito sucesso
meu elogio à minha querida
Sagitariana de Eros.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

... mas talvez eu não seja.

 Fora uma noite calma, na verdade, uma noite mentirosa. Nada teve de calma, enquanto o silêncio prevalecia nos ali presentes o despertar acontecia - mesmo sem o dia antes amanhecer. - na mente - não tão - perturbada de uma garotinha - talvez de mais de uma -.
 - Espero que você tenha tido tempo suficiente.
 A garota que agora já não mais conseguia acompanhar o fingimento do escuro abre os olhos enquanto força suas mãos contra o peitoral. - Está tudo bem, está tudo bem. É só mais um sonho, um sonho... - pensa e repensa na esperança de que seja a verdade.
 - Eu não tenho todo o tempo do mundo - Tá, eu tenho, mas vai lá saber quanto tempo o mundo tem - zomba. Aliás, me diga, já está pronta para conhecer o mundo?
 Agora de olhos já abertos o medo se foi, não sabe bem o que está vendo mas gosta, sente seu coração bater forte e um gelado no rosto que poderia dizer ser o vento se não fossem a janela e porta fechadas.
 - Com os olhos fechados é mesmo mais difícil, não sabemos o que está acontecendo e a nossa imaginação escolhe os piores - melhores - momentos para ser fértil. Fico feliz que esteja finalmente pronta.
 - O... o que é você? - Gaguejou a menina, num tom menos de medo do que de curiosidade.
 Um riso breve é ouvido. - O que? O que sou eu? Mas que falta de educação! Não seria de mais pompa perguntar-me quem sou?
 A garota apenas acenou que sim, e agora com seus olhos bem abertos tentava distinguir o que via, um conjunto de sombras, um borrão mais escuro que o outro, quase uma silhueta - se não fossem pelos espinhos...- Você, você tem pontas?
 A criatura sorriu e tocou nas "pontas" - Está se referindo à isso? -. Eram como espinhos, grossos e pontudos, um saia do lado esquerdo do peito, alguns das pernas e nas costas das mãos mais outros. - Quer mesmo saber o que são? - Não esperou pela resposta. - Eu os adquiri em batalhas, sabe, quando eu ainda era meio que você. Acontece que eu não sabia que essas batalhas - vencidas ou não - me faziam mal, e eu só fui descobrir ao me tornar o que sou agora, já cheia desses espinhos.
 A criança, agora potencialmente assustada e de olhos cada vez mais arregalados - como isso é possível? - perguntou com a voz vacilante. - Eu um dia serei como você?
 Agora a criatura vira de costas, e por conta do amanhecer os vãos da porta e janela trazem frestas de luz ao quarto, tornando possível ver que falta algo. As costas, são como um grande buraco negro, estão ali, no formato como devem ser, mas não é sólido, é como se te engolisse e te mandasse do nada ao infinito e do infinito à coisa alguma, num ciclo sem fim. - Eu sou você, eu sou todos vocês, eu sou Deus, eu sou o Universo, e infelizmente, eu sou um sonho; talvez um pesadelo. Eu sou...