sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Morta, mortinha!


Que é isso? Me faz o coração disparar e parar, pesar e voar. Ah, por favor, cesse já com suas palavras e cantorias, essa sua voz, pesada, sonada, de ressaca, rouca. Por favor, pare já com essa tortura, eu não sou mesmo nem um segundo forte, e eu jurei não bater mais à sua porta, eu conheci sua mulher e nos fizemos melhores amigas, conheci teu homem também e dele sou amante, só nos falta mesmo as carícias físicas. Vamos, facilite as coisas a mim. Eu não vou colocar um parágrafo sequer, quanto mais difuso melhor, eu não posso mais me deixar fosca dessa maneira, tenho que adicionar mais brilho, talvez assim eu consiga lhe ofuscar. Ah, céus, que é isso que sinto em meu estômago? Acho mesmo que tem alguém arrancando-lhe-me, vagarosamente, com seu melhor sorriso psicótico no rosto, e sua mão penetrando por inteira no meu abdominal, ah não, agora está no coração, e ele luta, contra tudo, dispara e para, dispara e para, dispara e para. Morte, os impulsos continuam, mas eu estou morta, sei disso, já não tenho distinguido com clareza se estou viva, mas a morte eu sei que me chegou, pois de tudo que fui e senti, agora só sou a defunta e só sinto o amor, o mais intenso amor que senti quando em vida, somente mesmo isso poderia me prevalecer. Por favor continue.

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