quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Análise, trabalho de férias.

O texto analisado - Introdução à vida não fascista - fora tirado do livro "Por uma vida não fascista" de Michel Foucault.


 Na Europa, entre os anos de 1945 e 1965, para que se fosse considerado culto, digno de enunciar partes da verdade sobre si e sua época era preciso seguir um padrão. Concordar em número grau e gênero com Marx, compreender Freud e tratar com o maior respeito os significantes da época.
  Houve no Vietnã durante cinco anos, o que Foucault chamou de “o primeiro golpe em direção aos poderes constituídos”, isto é, um golpe que deixou o que era até então conhecido e aceito como forma única de poder fora posto em dúvida. Enquanto na Europa passava-se uma confusa mistura de um poder anti-repressivo revolucionário e uma guerra onde estavam na vanguarda a exploração social e a repressão psíquica. Possivelmente um desejo posto pelo conflito de classes. E por conta disso, dessa interpretação dualista, torna-se plausível a explicação do que foram os anos mais utópicos da Europa, quando a Alemanha de Wilhem Reich e a França dos surrealistas retornam abraçando Marx e Freud, juntos por uma só causa.
 Agora o combate entre o movimento dos que não se conformavam com o modelo marxista de política e o desejo que não era mais freudiano foi-se ter em novos horizontes. Deixando em dúvida se era mesmo uma retomada do projeto utópico doa anos trinta pela sociedade.
 O Anti-Édipo chega para nos incitar a ir mais longe, além de Freud e apenas Freud; não faz pouco dos mais velhos, apenas nos faz ir além.
 Não é, entretanto, para tomar o Anti-Édipo como uma nova bula a ser seguida, isso seria um erro.  Não é para toma-lo como o certo e somente ele. É para ser visto como um englobamento de novas profusões noções e conceito, uma junção de conceitos. Para melhor ser compreendido, deve ser tomado como arte. De onde surgem questões que vêm mais para responder como do que o porque.
 O livro nos dá três adversários com os quais se confronta que não têm a mesma força e representam graus diferentes de ameaça. Com os quais Anti-Édipo lida de formas diferentes.  São, basicamente, os que detêm o poder em suas mãos de maneira tão errada, tomando a parte pelo todo e os unificando mais e mais. Sendo cada vez menos passíveis de mudanças e rotuladores de tudo desde um objeto até nome de todos os sentimentos e desejos humanos. Tendo como o principal adversário o fascismo, não somente o tão conhecido de Hitler e Mussoline, mas o que nós, nós todos, cometemos em nosso dia-a-dia, nos fazendo amar o poder.
 É tido como um livro ético, o primeiro escrito na França – seja talvez essa a razão de ser tão importante, ter-se tornado não mais só um livro, um estilo de vida -. Ensina-nos a desencravarmos de nós mesmos as tão diversas formas de fascismo.
 Em homenagem a São Francisco de Sales, o autor diz ser ó Anti-Édipo uma Introdução à uma vida não fascista.
 Diz ainda ser necessário seguir alguns princípios para que se viva uma vida contrária a todas as formas de fascismo, enumerando uma série destes como se fizesse um guia para uma vida cotidiana e que aqui poderíamos resumir dessa forma:
- Não à política totalizante.
 - Espalhe os desejos por justaposição, disjunção e proliferação, mais do que uma organização hierarquizada piramidalmente.
 - Considere um governo nômade, que se molda conforme as necessidades. Liberte-se da lei, a castração, a falta, que proveio do tão antigo pensamento Ocidental.
 - Entenda que é a ligação do desejo com a realidade que torna possível a revolução e por conta disso não ache que é preciso ser triste para ser militante.
 - Não ponha o pensamento como apenas especulação, torne-o aliado da política, intensifique-o, como um multiplicador das formas e dos domínios de intervenção da ação política.
 - “Desindividualize” e passe a multiplicar, aceite o deslocamento e os diversos agenciamentos.
- Não ame o poder.
 Enfim, neste livro os autores não usam de galanteios para seduzir o leitor, fazendo com que este passe a compartilhar da mesma opinião contra sua própria vontade. Ao contrário, eles convidam, mas também deixam a porta aberta para que o leitor saia caso assim queira. Persegue de todas as formas possíveis o fascismo, mesmo aquelas que passam quase que despercebidas.

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