sexta-feira, 2 de março de 2012

Pequeno Universo. Grande Confusão. Part.1


  Dois anos atrás:
 - Eu te odeio, melhor seria se você morresse agora! – Saiu mais uma vez batendo a porta na cara da Pequena Lagarta e foi embora. Já havia anoitecido. Os trovões ficavam cada vez mais intensos, e como se tudo conspirasse contra ela, no momento em que virou a esquina começou a tempestade. Sim, tempestade. Suas roupas num segundo colaram-se em seu corpo, a  blusa sem camiseta por baixo logo ficou transparente; o lápis marcado no olho logo começou a escorrer por seu rosto, só ficou intacto seu batom vermelho. Assim pelo menos ela podia chorar sem que ninguém percebesse, e assim o fez. Nem os soluços teve de disfarçar, já que podia muito bem fingir que era por conta do frio. Seu tênis já estava encharcado e a cada passo sentia seus pés nadarem. E a calça mais colada que o normal. Seus cabelos um pouco abaixo do ombro, geralmente tão volumosos em seus cachos definidos, agora estavam baixos, encharcados e não tão definidos.

  Hoje:
 - Que horas você vai chegar? Já está tarde, deveria descansar mais. Por que não vamos ao cinema mais tarde? Não gosto de lhe ver sempre tão cansada e sem tempo para si mesma.
 - Daqui dez minutos eu chego. Desculpe não ter ligado para avisar, mas tem muita coisa aqui ainda, esqueci até de comer. – Responde a Pequena Lagarta.
 - Tudo bem, o jantar está pronto, eu estou indo dormir. Boa noite, lhe amo. –

  Amanhã:
 - Não, você não vai. – Correu atrás da Pequena Lagarta sem intensão de deixa-la em paz caso não recebesse um “não” coerente. – Não quero que você vá. O lugar não é propício à você, não conheço bem as pessoas e já está tarde. – Olhou para cima, respirou fundo, mordeu seus lábios. – Ok, obrigada. Boa noite. – Foi para seu quarto, ligou sua música num volume que não incomodasse a ninguém e foi ler seu livro. Cinco minutos depois a Pequena Lagarta chega – Pode ir, mas fique atenta ao celular e me ligue quando for para lhe pegar. – Breve sorriso de canto, um obrigado e espera que a porta seja novamente fechada para que possa se arrumar.

  Hoje:

 Vestiu a primeira calça que encontrou, aquela papete velha, uma regata branca e foi pra escola. Não estava acontecendo nada de anormal, exceto o fato de que ela simplesmente não estava aguentando conversar com as pessoas que geralmente fica o dia todo. Os vícios e vontades de antigamente estavam vindo à tona. Talvez a culpa deste segundo fato fosse do Pequeno Leão. Um amigo que conhecera no ano anterior, saiu para beber algumas vezes, aprontou algumas coisas, e em pouco tempo tornou-se de grande importância em sua vida. Sim, ele havia repetido e agora estava em sua sala.   Ela havia parado com as bebedeiras de segunda a segunda e as extravagancias de comportamento. Ele, bom, estava cada vez “pior”. Acontece que isso estava novamente lhe interessando. A única coisa que a impedia de voltar eram as pessoas com as quais ele andava. Mas, a verdade é que de todos a pessoa com quem ela mais gostava de conversar horas ultimamente estava sendo ele.


  Ontem:
 Sim, a vontade dela estava sendo de realmente mandar a todos ali calarem suas devidas bocas, e, se possível, enfiarem-na no cu. Será que eles sabiam o que é respeito? Melhor, será que sabiam que estavam numa sala de aula? Mas que inferno, que inferno. Ela já não aguentava mais as conversas idiotas, os argumentos fulos, a má educação, nada. Nada. Retirou-se, os incomodados que se mudem. Mudou-se. Não sabe se volta. 

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