domingo, 5 de setembro de 2010

Canto Escuro


- Luísa? Quem é Luísa?
- É aquela menina que está sempre ali.
- Ali onde? Ela é nova aqui?
- Não, ela está aqui o mesmo tempo que nós, fica ali ó, naquele canto escuro!
- AAAAAAAAAH ta, aquela menina estranha, o que tem ela?
- Não sei, é que hoje eu estava pensando, ela parece ter algum problema na família, depressão sei la, não acha?
- Sei la, mas que ela é estranha é!

Sim, sim, Luísa era a menina estranha que não saia do canto escuro, mas não ela não tinha problema algum, era simplesmente uma menina que gostava de cantos escuros, e mais do que tudo amava o silêncio, pois já havia muito barulho dentro dela mesma!
Mesmo que ninguém a conheça ela conhece a todos, pois quando não se tem com quem conversar sobra muito tempo para conversar consigo mesma, e ela vivia fazendo isso, adorava observar as pessoas e conversar sobre elas com ela mesma, o que ela mais amava nisso era saber que as pessoas pensavam que era só mais uma lesada excluída, triste e depressiva, mas NÃO, ela não chegava nem perto de ser tudo isso, muito pelo contrário, Luísa era esperta, pode-se dizer que mais esperta que qualquer um de seus colegas de classe, pois ela tinha do dom de observar, entender, sem perguntar absolutamente nada, e é isso que a fazia tão feliz, adorava ver como as pessoas de sua mesma idade eram tão fúteis enquanto ela estava ali no canto escuro apenas esperando acabar tudo, tirando suas boas notas, sendo uma boa cidadã enquanto esperava apenas o que todos terão a sua morte, pois no final você querendo ou não iremos todos morrer! Até o tal Jesus morreu porque você escaparia? Não precisa ter medo, a morte é só a morte, o entorpecimento eterno, o nada que não é nada pois até mesmo o nada é algo.
E um dia Luísa não estava mais ali, um ou outro notou sua falta, mas o que importa é que o que ela queria ela conseguiu, conseguiu viver uma vida sem viver, simplesmente existindo, conseguiu ter sua morte sem ter que passar por muitos dramas, e no final é isso que todos queremos, mesmo que não admitamos!

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